Conselho Superior da Raça - parte II

Durante a primeira reunião do Conselho Superior da Raça Gir, criadores destacaram algumas reflexões sobre a idade mínima exigida pela ExpoZebu, que merecem ser conhecidas.

O desenvolvimento de um animal é importante somente acompanhado de uma boa caracterização. Daí que raças, como o Gir, só podem mostrar solidez racial, depois de 60 mese. É nessa idade ao até 72 meses, que o gir fixa seu aspecto final.
Querer o Gir, com idade de 72 meses nas exposições, não é romantismo de alguns criadores, mas sim uma questão de apalpar a realidade da raça. Até esse ponto, o animal ainda está em crescimento racial.

Os compradores acabam comprando animais novos que mais tarde acabarão sendo refugados. Por isso tem sido comum ouvir que "um campeão de exposição pouco ou nada produz, quando colocado em regime de campo". Realmente, para saber o que o animal vai produzir tem que se esperar todo esse tempo. Não se muda a Natureza com uma assinatura num papel! Nem se faz Melhoramento Genético com uma ordem expedida pelo governo!
O gado típico de corte pode ser masi flexivel, pois tem um grande efetivo a disposição e pode errar. Numa raça como o GIR, não pode existir erros, tanto na pecúaria típicamente leiteira, pois não existe retorno depois do erro praticado. O comprador precisa escolher certo, de uma vez. E isso só acontece por volta de 72 meses. Daí exibir animais com idades de 48 meses é fugir da realidade.

O Gir é selecionado para garantir cruzamentos de leite e burilamento racial. Nunca para corte exclusivamente, até por que essa é uma característica típica embutida em seu código genético.
Por conta da atual situação, muitos selecionadores estão recomprando animais que venderam quando jovens, pois não iriam servir para as exposições. Mais tarde revelaram-se, nas fazenda alheias, e o próprio criador tem que recomprá-los.
Além de tudo vender animais de 72 meses é muito mais facil do que vender um animal de 48 meses. E o preço é melhor para o criador. Todos querem um Gir adulto. O critério de seleção de Gir, portanto, pouco tem a ver com os critérios do Nelore, por exemplo. CADA RAÇA TEM UM PERFIL PRÓPRIO.
Hoje, tem se conseguido um peso minímo mais alto, por conta da alimentação intensiva. Na verdade, o ganho genético de peso tem se mantido estabilizado nas ultimas décadas, nas raças de dupla aptidão ou leiteiras. O sistema antigo de avaliação para ingresso em exposições, portanto era tão eficaz quanto o moderno, diante da Genética.
Em síntese, quem dita o peso do animal para efeito comercial, é o próprio mercado e ele quer 72 meses para o Gir, como sempre foi. Não chegou portanto, o momento de fazer uma modificação. A exposição deveria seguir a lei do mercado! A raça Gir nunca aprovou essa modificação, mas teve que aceitá-la como imposição por deficiência do sistemade aprovaçãode medidas de ordem técnica para as raças zebuínas em seu conjunto. Como a votação é feita por todas as raças ao mesmo tempo, fica fácil eleger medidasque de repente, prejudicam uma outra raça, para priveligiar outras.
Foi o que aconteceu.

Fonte: Revista Agropecuária Tropical - nº 100 - Abril de 1995

Contraste com o Presente:
Hoje em dia facilmente encontramos em leilões, animais sendo vendidos por preços absurdos, e possuindo menos de um ano.
Daí nos surge o seguinte questionamento, O QUE FAZ ESTES ANIMAIS CUSTAREM UM PREÇO TÃO ALTO, APESAR DA POUCA IDADE?
São vendidos não por o que eles são, mas sim pelo quem foram seus pais. Concordo que genética é indispensável num plano de seleção. Porém na atualidade preucupa-se muito com GENÓTIPO e acabam esquecendo do FENÓTIPO. O animal além de puro tem sim que ser belo. A partir dessa ação de esquecer os verdadeiros valore de seleção, acabamos deixando de lado anos e mais anos de seleção sériamente coordenada, para a produção produção de animais de qualidade. Para fazer nome em cima de animais cuja nem sabemos o que será daqui a 1 ou 2 anos.
Bom para refletir e pensar no futuro do Gir...